Apresentação do Sr. Marcos Jacob na Audiência Pública
“Cenário da Política pública Brasileira para o Café” em Brasília. - falando
sobre o Fundo Soberano da Cafeicultura e diversos cenários.
Estamos
viajando pelas regiões cafeeiras e é preocupante a desfolhamento drástico das
lavouras. Passamos a analisar os dados pluviométricos dos últimos anos e
podemos afirmar que estamos atravessando uma situação crítica de seca muito próxima
a vivida em 2014, que foi uma das piores secas do século. De janeiro a Agosto
de 2014 choveu 397mm e no total, tivemos um índice pluviométrico de 891mm.
Agora em 2017, o acumulado até 30 de Agosto está em 486mm. Quando somamos a média
histórica de 28 anos (1990 a 2017) chegamos em 913mm. Portanto, em 2014 no
período referenciado, tivemos 517mm abaixo da média e, esse ano estaremos com
428mm. Concluímos que a seca de 2017 está se comportando, muito próximo a de
2014.
A safra de 2015 foi de 43,5 mi/sc, (fonte: CONAB), a
safra de 2016, em torno de 53 mi/sc e a safra de 2017 que está sendo concluída,
segundo estimativas da Fundação Procafé, ficará entre 35 a 42 mi/sc, numa média
de 39 mi/sc, estimativa apresentada no 42º Congresso Brasileiro de Pesquisa
Cafeeira, em Serra Negra, em outubro de 2016. Analisando os últimos quatro anos
tivemos a maior seca do século em 2014, em 2015 tivemos um índice pluviométrico
dentro da normalidade, 2016 um safra recorde e 2017 uma cenário climático
similar ao ano de 2014. Dentro deste contexto os quatro anos descritos tivemos
três anos de stress, sendo um ano por alta produtividade e dois anos pela
adversidade climática (SECA). Estes três stress ocorridos nos períodos citados
provocou um desequilíbrio fisiológico que comprometeu a parte vegetativa e o
sistema radicular, consequentemente prejudicando a adsorção/absorção de
nutrientes depauperando o nosso parque cafeeiro e sua produtividade, a qual
sofrerá uma redução significativa de sua produção para 2018 e anos
subsequentes.
As reservas hídricas da região sudeste estão
comprometidas devido aos baixos índices pluviométricos esperados para a região
(Muito abaixo da média histórica), trazendo redução de nossas nascentes e
mananciais. Um exemplo do explicado, citamos o Lago de Furnas que tem como seu
nível a cota 768m de altitude com relação ao nível do mar e hoje está 12 metros
abaixo disso, com 756m, conforme planilha abaixo:
Fonte: http://www.escarpasdolago.org.br/nivel
Seguindo este cenário, e levando em consideração a média
pluviométrica dos meses vindouros, segundo a tabela citada acima, chegaremos em
1.120mm o que ocasionará uma queda no índice pluviométrico anual de 500mm, o
que por sua vez, inviabilizará a produção cafeeira. O mais agravante é que
perdemos o time fisiológico,
comprometendo seriamente a consolidação da florada. Mesmo chovendo normalmente,
ou até acima da média, não impactará no cenário da safra 2018.
CONCLUSÃO – A safra de 2018 já está comprometida,
conforme os dados apresentados e baseado nas adversidades citadas, nestes últimos
quatro anos, poderemos afirmar que a safra de 2018 será menor que a safra de
2015, podendo comparar o quadro descrito:
“O NOSSO PARQUE CAFEEIRO ESTÁ NA UTI”. Adeus grande safra.
Um forte abraço a todos.
Armando Mattiello
Presidente da SINCAL Associação dos Cafeicultores do Brasil
A
intensa desfolha das lavouras da safra 2018/19 tem preocupado os produtores de
café do Brasil e deve ter reflexos consideráveis na produção da próxima
temporada, que é de bienalidade positiva e poderia, segundo analistas
internacionais, chegar a um recorde de 60 milhões de sacas de 60 kg entre
arábica e conilon. No entanto, diante das condições climáticas atuais, esse
volume poderá ser menor, segundo a Fundação Procafé.
"Essa
desfolha é uma proteção natural das plantas que, pensando em diminuir a evapotranspiração,
perde as folhas. Com essa condição, as plantas vão acabar tendo maior
dificuldade para o pegamento das floradas e, consequentemente, impactos na
produção no próximo ano", afirma o engenheiro agrônomo da Fundação
Procafé, em Franca (SP), Marcelo Jordão Filho. O pesquisador salienta que já
são quase 60 dias sem chuvas na região da Alta Mogiana.
De
acordo com o cafeicultor Gustavo Emídio de Bom Jesus da Penha (MG), no Sul do
estado, principal região produtora do país, a situação das lavouras é delicada,
apesar de parte de suas plantações já terem recebido a primeira florada.
"Tenho 99% de certeza que essa florada não vinga. O clima está muito seco
para os cafezais. As lavouras dos meus amigos estão morrendo por falta de água
e isso está presente em 60% a 70% das plantações da região", diz.
Dados
do Sismet (Sistema de monitoramento Meteorológico da Cooxupé) evidenciam a
situação. Em todo o mês de agosto, Guaxupé (MG) teve déficit hídrico de 24,1%,
Nova Resende (MG) registrou 28,3%, Carmo do Rio Claro teve 39,6% e Coromandel
(MG) anotou 70%. O portal fornece informações meteorológicas atualizadas de
cada região cooperada, desde o Sul de Minas até o Cerrado.
Emídio
salienta que a previsão inicial era de que a colheita em 2018 seria bem maior
do que a da safra atual, que está praticamente finalizada, mas já existe o
temor de produção menor com as lavouras sendo prejudicadas pelo clima.
Analistas
internacionais chegaram a apontar nas últimas semanas que a próxima safra do
Brasil poderia chegar a 60 milhões de sacas de 60 kg de arábica e também
conilon, um recorde, já que será de bienalidade positiva e as condições
climáticas eram benéficas. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima
a produção do país em 2017 em 45,56 milhões de sacas.
A
condição dessas lavouras contrasta com outras que já floresceram, mas que
fatalmente terão pegamento sem melhores condições climáticas. Mapas climáticos
apontam que o clima deve permanecer seco pelo menos pelos próximos sete dias no
cinturão de café do Brasil. Apenas o Norte do Espírito Santo e Bahia podem
receber chuvas entre quinta-feira e sábado.