sexta-feira, 8 de setembro de 2017

ADEUS GRANDE SAFRA



Estamos viajando pelas regiões cafeeiras e é preocupante a desfolhamento drástico das lavouras. Passamos a analisar os dados pluviométricos dos últimos anos e podemos afirmar que estamos atravessando uma situação crítica de seca muito próxima a vivida em 2014, que foi uma das piores secas do século. De janeiro a Agosto de 2014 choveu 397mm e no total, tivemos um índice pluviométrico de 891mm. Agora em 2017, o acumulado até 30 de Agosto está em 486mm. Quando somamos a média histórica de 28 anos (1990 a 2017) chegamos em 913mm. Portanto, em 2014 no período referenciado, tivemos 517mm abaixo da média e, esse ano estaremos com 428mm. Concluímos que a seca de 2017 está se comportando, muito próximo a de 2014.

Inserir - Índice Pluviométrico – Fazenda Jacutinga

            A safra de 2015 foi de 43,5 mi/sc, (fonte: CONAB), a safra de 2016, em torno de 53 mi/sc e a safra de 2017 que está sendo concluída, segundo estimativas da Fundação Procafé, ficará entre 35 a 42 mi/sc, numa média de 39 mi/sc, estimativa apresentada no 42º Congresso Brasileiro de Pesquisa Cafeeira, em Serra Negra, em outubro de 2016. Analisando os últimos quatro anos tivemos a maior seca do século em 2014, em 2015 tivemos um índice pluviométrico dentro da normalidade, 2016 um safra recorde e 2017 uma cenário climático similar ao ano de 2014. Dentro deste contexto os quatro anos descritos tivemos três anos de stress, sendo um ano por alta produtividade e dois anos pela adversidade climática (SECA). Estes três stress ocorridos nos períodos citados provocou um desequilíbrio fisiológico que comprometeu a parte vegetativa e o sistema radicular, consequentemente prejudicando a adsorção/absorção de nutrientes depauperando o nosso parque cafeeiro e sua produtividade, a qual sofrerá uma redução significativa de sua produção para 2018 e anos subsequentes.

            As reservas hídricas da região sudeste estão comprometidas devido aos baixos índices pluviométricos esperados para a região (Muito abaixo da média histórica), trazendo redução de nossas nascentes e mananciais. Um exemplo do explicado, citamos o Lago de Furnas que tem como seu nível a cota 768m de altitude com relação ao nível do mar e hoje está 12 metros abaixo disso, com 756m, conforme planilha abaixo:

Fonte: http://www.escarpasdolago.org.br/nivel


            Seguindo este cenário, e levando em consideração a média pluviométrica dos meses vindouros, segundo a tabela citada acima, chegaremos em 1.120mm o que ocasionará uma queda no índice pluviométrico anual de 500mm, o que por sua vez, inviabilizará a produção cafeeira. O mais agravante é que perdemos o time fisiológico, comprometendo seriamente a consolidação da florada. Mesmo chovendo normalmente, ou até acima da média, não impactará no cenário da safra 2018.






            CONCLUSÃO – A safra de 2018 já está comprometida, conforme os dados apresentados e baseado nas adversidades citadas, nestes últimos quatro anos, poderemos afirmar que a safra de 2018 será menor que a safra de 2015, podendo comparar o quadro descrito: “O NOSSO PARQUE CAFEEIRO ESTÁ NA UTI”. Adeus grande safra.

Um forte abraço a todos.

Armando Mattiello
Presidente da SINCAL
Associação dos Cafeicultores do Brasil