A
intensa desfolha das lavouras da safra 2018/19 tem preocupado os produtores de
café do Brasil e deve ter reflexos consideráveis na produção da próxima
temporada, que é de bienalidade positiva e poderia, segundo analistas
internacionais, chegar a um recorde de 60 milhões de sacas de 60 kg entre
arábica e conilon. No entanto, diante das condições climáticas atuais, esse
volume poderá ser menor, segundo a Fundação Procafé.
"Essa
desfolha é uma proteção natural das plantas que, pensando em diminuir a evapotranspiração,
perde as folhas. Com essa condição, as plantas vão acabar tendo maior
dificuldade para o pegamento das floradas e, consequentemente, impactos na
produção no próximo ano", afirma o engenheiro agrônomo da Fundação
Procafé, em Franca (SP), Marcelo Jordão Filho. O pesquisador salienta que já
são quase 60 dias sem chuvas na região da Alta Mogiana.
De
acordo com o cafeicultor Gustavo Emídio de Bom Jesus da Penha (MG), no Sul do
estado, principal região produtora do país, a situação das lavouras é delicada,
apesar de parte de suas plantações já terem recebido a primeira florada.
"Tenho 99% de certeza que essa florada não vinga. O clima está muito seco
para os cafezais. As lavouras dos meus amigos estão morrendo por falta de água
e isso está presente em 60% a 70% das plantações da região", diz.
Dados
do Sismet (Sistema de monitoramento Meteorológico da Cooxupé) evidenciam a
situação. Em todo o mês de agosto, Guaxupé (MG) teve déficit hídrico de 24,1%,
Nova Resende (MG) registrou 28,3%, Carmo do Rio Claro teve 39,6% e Coromandel
(MG) anotou 70%. O portal fornece informações meteorológicas atualizadas de
cada região cooperada, desde o Sul de Minas até o Cerrado.
Emídio
salienta que a previsão inicial era de que a colheita em 2018 seria bem maior
do que a da safra atual, que está praticamente finalizada, mas já existe o
temor de produção menor com as lavouras sendo prejudicadas pelo clima.
Analistas
internacionais chegaram a apontar nas últimas semanas que a próxima safra do
Brasil poderia chegar a 60 milhões de sacas de 60 kg de arábica e também
conilon, um recorde, já que será de bienalidade positiva e as condições
climáticas eram benéficas. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima
a produção do país em 2017 em 45,56 milhões de sacas.
A
condição dessas lavouras contrasta com outras que já floresceram, mas que
fatalmente terão pegamento sem melhores condições climáticas. Mapas climáticos
apontam que o clima deve permanecer seco pelo menos pelos próximos sete dias no
cinturão de café do Brasil. Apenas o Norte do Espírito Santo e Bahia podem
receber chuvas entre quinta-feira e sábado.
Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas