sábado, 4 de novembro de 2017

SINCAL abordará tema sobre previsão de safra no 43º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.


Fair Play na comercialização mundial de café é apenas merchandising.

Várias fontes divulgam a previsão de safra de café do Brasil, e, existem uma margem de erro natural dentro destas previsões, pois é muito difícil quantificar exatamente o número de frutos nas arvores, o tamanho e peso de suas sementes, enfim, o real rendimento de café em grão por talhão, por fazenda, por município, por microrregião e por região, enfim, o Brasil é um país com dimensões continentais.

Então temos que sair do campo de previsões e saber realmente quanto que se colheu de café no Brasil, e, isto só é possível quantificando  os estoques de café em determinada data, e, sabendo quanto foi o uso / desaparecimento de café total, isto é, quanto foi as exportações e quanto foi o consumo interno, também é necessário saber quanto foi a importação de café, após estes dados uma simples equação mostra o "quantum" foi efetivamente produzido, e podemos  deixar  o campo das previsões, para a "verdadeira"  realidade, por isto a obrigação de contagem de estoques realizados pela CONAB anualmente.

Assim sendo, no período de 12 meses, temos os dados abaixo:

Estoque do Brasil em 31 de março de 2016      = 15.078.997 sacas, fonte CONAB;

Estoque do Brasil em 31 de março de 2017      = 10.121.405 sacas, fonte CONAB;

Exportações Brasileiras Abril16 até Março17   = 33.488.053 sacas, fonte CECAFÉ;

Consumo interno Abril16 até Março17              = 21.200.000 sacas, fonte ABIC;

Importações de café Abril16 até Março17          = 5.900 sacas, fonte MDIC/Secex.

Desta forma temos que para um uso total de 54.688.053, que é a soma das Exportações + Consumo interno, houve uma diminuição dos estoques de 4.957.592 sacas e uma importação de 5.900 sacas.

Matematicamente conclui-se que a Produção Brasileira de Café na safra 2016/17 foi de 49.724.561 sacas.

A Organização Internacional de Café deveria trabalhar com dados oficias de seus participantes, mas, infelizmente,  publica dados errôneos sobre a real produção de café do Brasil, pois conforme o “Relatório sobre o mercado cafeeiro – setembro 2017” divulgado em 12 de outubro, diz que a produção estimada no Brasil em 2016/17 foi de 55 milhões de sacas, portando superestima a produção brasileira em 10,61% superior a realidade, uma quantidade de 5.275.439 sacas a mais do que realmente foi produzido.

Este erro de divulgação da Organização Internacional de Café, leva a outros erros, pois deforma a previsão de safra de 2017/18 e também a previsão de safra de 2018/19, e isto é altamente impactante nas cotações internacionais do café.

Chamo a atenção pois, haverá  erro de avaliação da safra 2017/18, e será muito maior, pois, de acordo com enquete à vários produtores, das mais variadas regiões, a diminuição de produção em relação safra anterior é bastante elevada, no Cerrado e Alta Mogiana  encontra-se  menos 40% de produção em relação ao ano anterior, no Sul de Minas e Baixa Mogiana, encontra-se uma safra menor na grandeza de menos 25 %.

Desta forma, e a grosso modo, ponderando todas as regiões produtoras do Brasil, conclui-se que, uma produção menor em 20% é plausível em relação safra anterior, já incluindo o aumento de produção dos conilon.

Num singelo exercício de matemática, podemos dizer que baseado na safra colhida em 2016/17 que foi de 49,72 sacas de café, a safra de 2017/18, por efeito da característica de bienalidade, tendo uma produção cerca de 20% menor, chega-se a uma produção estimada de apenas 39,78 milhões de sacas, números inferiores aos 44,77 milhões previstos pela CONAB.

Notar que os primeiros 3 meses de exportação de café do Brasil no ano safra 2017/18, isto é, Julho/Agosto/Setembro de 2017, o Brasil exportou apenas 6.764.858 de sacas, portanto inferior a 25% do mesmo período do ano de 2014 e 2015, e menos 16,26 % que no período de 2016.

Em sendo realidade uma produção próxima de 40 milhões de sacas nesta safra que se findou, e praticamente com inexistência de estoques de safras passadas, novamente a matemática nos leva a lógica que as exportações de cafés do Brasil no ano safra de 2017/18, isto é, entre Julho de 2017 até Junho de 2018 vão diminuir muito, e tendo a florada de café seu auge em 10 de outubro, só teremos algum volume de cafés novos a partir da segunda quinzena de Junho de 2018.

Então, a informação que os produtores de café estarão retendo mercadorias e formando estoques não é verdadeira como propaga alguns participantes do comércio internacional, a pseudo retenção se deve ao fato de menor quantidade produzida pelos cafeicultores brasileiros.

Sobre a safra de 2018/19, devido a bienalidade, poderemos estimar com um potencial de produção próxima a safra de 2016/17, pois não houve aumento da área plantada, e, então poderá haver um aumento na produção de conilon, mas em contrapartida, estando o clima hostil para as regiões cafeeiras de arábicas poderá haver uma diminuição na produção dos arábicos, desta forma, uma estimativa de 50 milhões de sacas é o recomendável.

Assim sendo a prudência nos leva a uma somatória das 3 safras em:

2016/17 = 49,72 milhões;
2017/18 = 39,78 milhões;
2018/19 = 50,00 milhões.

Totalizando em 139,50 milhões.

Porém, os grandes players do mercado cafeeiro mundial divulgam estimativas muito superiores, que nestas 3 safras alcançariam a somatória de 162 milhões de sacas, portando 22,5 milhões de sacos ou 16% maiores que a prudência nos leva a crer.

Entretanto, devido as informações errôneas de quantidades maiores de produção do Brasil, corroboradas pela Organização Internacional do Café, os importadores mundiais continuarão a comprar café no mesmo preço de 35 anos atrás.

Para aqueles que acreditam em “fair play” na comercialização mundial de café, esqueçam, isto é apenas merchandising.

Convido o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA, a CONAB, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA, o Conselho Nacional de Café - CNC, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil - CECAFÉ, a Organização Internacional do Café - OIC e a todos aqueles que se interessem e possam contribuir com a cafeicultura, a se manifestarem sobre o disposto acima.

Atenciosamente,

Marco Antônio Jacob