A SINCAL, através de seu presidente Sr. Armando Mattiello,
encaminhou ofício ao USDA - Departamento de Agricultura dos Estados Unidos,
questionando sobre a grande divergência de dados nas previsões de safras
apresentadas pelo Departamento em comparação aos dados apresentados pela CONAB.
Existem metodologias e instrumentos para elaboração destas
previsões e a SINCAL está atenta, tanto nas previsões dos órgãos
internacionais, quanto nas “previsões” feitas pelos órgãos e instituições
nacionais.
Gostaríamos de contar com a participação de todos os envolvidos no
setor produtivo da cafeicultura. Deixe seu comentário abaixo.
SINCAL o cafeicultor é o principal.
Ao
USDA - Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
Sr. Tony Halstead
Ref.: Divergências sobre apuração de
safra brasileira de café.
Prezado Sr. Tony
Halstead,
Primeiro quero me apresentar, sou Armando Mattiello ,
Presidente da ASSOCIAÇÃO DOS CAFEICULTORES DO BRASIL – SINCAL.
Ultimamente está havendo uma grande divergência entre os
dados do USDA e os dados da CONAB (agencia oficial brasileira) nas informações
sobre a expectativa de safra brasileira de café, vejamos:
O Relatório USDA sobre
Produção, Mercados e Relatórios Comerciais, foi publicado em de 15 de dezembro
de 2017 link:https://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/coffee.pdf
Os dados da CONAB foram
publicados em 21 de dezembro de 2017, a segue o
link:http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_12_21_13_05_55_cafe_dezembro.pdf
É evidente a grande diferença
entre os dados das duas respeitáveis instituições, na somatória das últimas 2
safras é de 11,38%, ou quase 11 milhões de sacas, temos que reconhecer que não
poderia haver uma diferença tão grande.
Eu entendo que vocês são
soberanos para divulgar os seus próprios dados, e também poderão dizer que o
erro de expectativa de safra é feito pela CONAB.
No entanto, ao desconsiderar as
expectativas ou previsões para calcular a produção
real usando os dados SAFRA DERIVADA em 2016/17, podemos ver como os dados
do USDA são irreais, conforme observado abaixo:
A Safra Brasileira de café em 2016/17 foi de 49.724.561
sacas de café, isto não é expectativa ou previsão, é o resultado real colhido
da safra brasileira no ano de 2016.
Baseado nestes dados, podemos afirmar que a CONAB se
aproximou mais da realidade que o USDA.
Enquanto a CONAB fez uma previsão
com um erro de 1,645 milhões de sacas, aproximadamente 3,31 % maior que a
realidade, quando comparamos os dados do USDA, temos uma previsão superestimada
de 6,376 milhões de sacas com uma taxa de erro 12,82% maior.
Para corroborar esta afirmação de
superestimativa de safra pelo USDA, notar que a expectativa informada para a
safra 2016/17 de 56,10 milhões de sacas projetada pelo USDA é uma das maiores
safras da história do Brasil, mas assistimos uma menor exportação de café do
Brasil, mesmo tendo o Governo Brasileiro vendido todo o seu estoque de café
entre Setembro de 2016 à Abril de 2017, que era aproximadamente 1,6 milhões de
sacas, hoje os estoques governamentais brasileiros é ZERO.
Vejam que a os estoques em 31 de
Março de 2017 eram de 10.121.405 sacas, e no período de abril até junho de 2017
foram usados entre as exportações e consumo interno aproximadamente 12.281.223
sacas.
Como se demonstra acima, o uso de café foi maior que os
estoques, apresentando em Junho de 2017 estoques negativos, entretanto temos
duas explicações para este fato :
1) o uso de cafés da safra 2017/18, recém colhidos, pois a
colheita de conilon em algumas regiões se inicia em ABRIL, e a colheita de
arábicos se inicia em MAIO.
2) cafés remanescentes que não foram computados na contagem
de estoque.
Considerando ambas as hipóteses, sabemos que o Brasil
iniciou a safra de 2017/18 sem estoques privados de café, e não há estoques
públicos, os estoques governamentais é ZERO.
Analisando as exportações
brasileiras de Julho até Novembro, período em que há a maior disponibilidade de
café no Brasil devido a ser SAFRA e necessidade dos cafeicultores em vender
café para pagar colheita e insumos, nota-se que durante o ano de 2017 houve uma
queda brusca de exportações, menos 14,60%, com as menores exportações nos
últimos 5 anos, veja a tabela abaixo do CECAFÉ:
Gostaríamos de informá-lo que, em
dezembro, a SINCAL recolheu informações junto a produtores, cooperativas e
armazéns em todas as regiões cafeeiras brasileiras e os níveis atuais de
estoques de café no Brasil são muito baixos.
Isso resultará em uma quantidade
muito menor de exportação no primeiro semestre de 2018.
Assim, devido à necessidade de os
dados relatados serem transparentes, a SINCAL solicita respeitosamente USDA
para informar e disseminar a metodologia para chegar aos dados publicados nas
previsões de colheita do Brasil.
A safra 2018/19 começará no
primeiro semestre de 2018, e esperamos que o USDA faça uma previsão realista da
produção brasileira, pois as previsões pouco realistas trazem prejuízos a
todos.
A disseminação de dados irreais e
superestimados tem levado os produtores mundiais de café a vender os frutos de
seu trabalho a preços aviltados, com perdas de receita de exportação de mais de
5 bilhões de dólares, levando milhões de agricultores a permanecerem para sempre
na pobreza.
Lembramos que os cafés produzidos
por estes produtores ajudam as nações importadoras de café a gerarem anualmente
dezenas de bilhões de dólares em valor agregado, lucros e impostos.
A SINCAL está à disposição do
USDA para mais informações e colaborações.
Cordialmente,
Armando Mattiello
ASSOCIAÇÃO DOS CAFEICULTORES DO BRASIL – SINCAL.
05 de Janeiro de 2018
English version
To
USDA - US Department of Agriculture
Mr. Tony Halstead
Ref.: Divergences on the
Brazilian coffee harvest.
Dear Mr. Tony,
Firstly I would like to introduce
myself. My name is Armando Mattiello, and I am the President of the ASSOCIAÇÃO
DOS CAFEICULTORES DO BRASIL - SINCAL.
Recently a divergence between the
USDA data and the data from CONAB (Brazilian oficial agency) could be noticed
when regarding the information on the Brazilian coffee harvest expectation, as
seen below:
The USDA Report on
Production, Markets and Trade Reports, was published on December 15, 2017 link:
https://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/coffee.pdf
The CONAB data were
published on December 21, 2017, the following link: http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_12_21_13_05_55_cafe_de
Dezembro.pdf
It is very evident that there is
a great difference between the two respectable institutions, as the sum of the
2 harvests is written down as to being 11.38%, and we have to recognize that
there could not be such a big difference.
I understand that you are
sovereign and have the right to disseminate your own data, and can also assume
that the mistake in the expectation of harvest was made by CONAB.
However, when disregarding the
expectations or forecasts to calculate the actual production using the DERIVED
SAFRA data in 2016/17, we can see how the USDA data is unreal, as seen below:
The Brazilian coffee harvest in
2016/17 was 49,724,561 bags of coffee, which is not expected
or forecast, and is the actual result from the Brazilian harvest of 2016.
Based on these data, we can say
that CONAB has closer to reality than the USDA.
CONAB made a prediction with an
error of 1.645 million bags, approximately 3.31% greater than reality.
When we compare this to the USDA
data, we have an overestimated forecast of 6.376 million bags with a 12.82%
bigger harvest.
To corroborate this USDA
overvaluation claim, note that the reported expectation for USDA’s projected
56.10 million sacks of the 2016/17 crop is one of the biggest harvests in
Brazilian history.
However, we have seen Brazil sell
all its stocks of about 1.6 million bags between September 2016 and April 2017.
It can be seen that the inventories
on March 31, 2017 were 10,121,405 bags, and in the period from April to June
2017, approximately 12,281,223 bags were used in exports and domestic consumption.
As shown above, the use of coffee
was higher than what was held in inventory, presenting negative inventories in
June 2017. For this there are two possible explanations.
i) the use of newly harvested coffees from the 2017/18
harvest, since the conilon harvest in some regions starts in APRIL, and the
Arabica harvest begins later in MAY.
ii) remaining coffees that were not counted in the
stock count.
Considering both hypothesis, we
know that Brazil started the harvest of 2017/18 without private stocks of
coffee, and there are no public stocks, as previously established.
Analyzing Brazilian exports from
July to November, the period in which there is a greater availability of coffee
in Brazil due to the harvesting period, it is noted that during the year of 2017
there was a sharp fall in exports, of about 14.60% less, resulting in the lowest
exportations in the last 5 years, as seen in the table below from CECAFÉ.
We would like to inform you that
in December, SINCAL collected information from producers, cooperatives, and
warehouses in all Brazilian coffee regions, and the current levels of coffee stocks
in Brazil are very low.
This will result in a much
smaller amount of exportation in the first half of 2018.
Thus, due to the need for the
reported data to be transparent, SINCAL respectfully requests USDA to inform
and and disseminate the methodology for arriving at published data on Brazil’s harvest
forecasts.
The 2018/19 harvest will begin in
the first half of 2018, and we expect the USDA to make a realistic forecast of
Brazilian production, as unrealistic forecasts are disadvantageous for everyone.
The spread of overestived data
has led the world coffee producers to sell the fruits of their labor at
discounted prices, leading to export revenue losses of more than 5 billion
dollars, leading millions of farmers to remain forever in poverty.
This even if the coffee they
produce helps coffee importing nations generate yearly tens of billions of
dollars in profits, added value and taxes.
SINCAL is available to the USDA
for more information and collaboration,
Sincerely,
Armando Mattiello
ASSOCIAÇÃO DOS CAFEICULTORES DO BRASIL – SINCAL
January 05, 2018